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Postado por em jan 27, 2012 em Variedades | 2 comentários

Estamos Chegando?

Estamos Chegando?

Confira esse texto delicioso do jornalista, poeta e maluco segundo a também jornalista Andhressa Barbosa, Fabrício Carpinejar.

Quando estamos viajando, meu filho desde a saída pergunta: estamos chegando?

Afirmo que sim, apesar de faltar 300 Km.. Cinco minutos depois, lá vem ele com a mesma questão: estamos chegando?

Por mais que ande rápido ou vença o trajeto, nada o demoverá da teimosia de querer descer logo ou de ser informado com detalhes de onde está.

Estar chegando revela a ansiedade em definir os relacionamentos. Fala-se da proximidade para afugentar a distância.

Não é uma mentira, é uma verdade afoita.

Apressamos em dizer que amamos para não conviver com as dúvidas e tampouco gerar suspeitas da legitimidade do sentimento.

Há uma pressa pelo final em todo o início e há uma pressa pelo início em todo o final.

É obrigatório dizer “eu te amo” para continuar e formalizar o laço.

Talvez seja paixão, mas “eu te amo” já pula da garganta. Talvez seja atração e “eu te amo” fica sentado na primeira fila.

Talvez seja carência e “eu te amo” puxa a ponta da camisa e da língua para frente.

Não que seja desonesta a declaração, pois não definiremos ao longo dos dias quando se ama verdadeiramente.

A precipitação é um modo de garantir, de tomar conta.

Não se vive de porta aberta, “eu te amo” é a chave.

Ama-se com o quarto fechado.

É dito para fazer valer o esforço da conquista, coroar a sedução, assegurar que aquela pessoa é sua, e que não mais corre o risco de perdê-la.

Caso nenhum dos dois fale, amarga-se uma sensação de inutilidade e de desprezo.

Não existe como sair ileso da encruzilhada: se não apregoamos o “eu te amo” somos insensíveis, se declaramos toda hora pode se tornar um aceno, mero cumprimento.

É preciso cuidar para que não seja usado sem vontade.

Um selinho não é suficiente para mandar a carta. Sem desejo, o “eu te amo” é saudação de lápide, entra-se no território da proteção e da rotina, para se despedir de amar.

Servirá para afastar o beijo quando deveria prolongá-lo.

E as atitudes, e as outras palavras não contam?

Quantas vezes proclamamos o amor precocemente?

Antecipamos para que de fato venha. Prometemos para depois ver se acontece.

Ainda que incomparável, o amor se faz pela comparação com experiências anteriores.

Define-se pela sua força em sobrepujar as lembranças e relações anteriores.

É a superação do que foi vivido que valida ou não sua intensidade.

Não representa o amor, e sim uma nova tentativa de amar.

Será que o amor não é tão-somente vontade de amar?

Estou chegando. Nunca chegarei, amor é estar a caminho.

Fabrício Carpinejar

2 Comentários

  1. Profundo… #emreflexão

  2. Oi, Babi! Desculpe o sumiço!!!!! E aproveitando a oportunidade já que ainda estamos em janeiro, FELIZ ANO NOVO!!!! Adorei o texto, realmente bastante útil para uma reflexão profunda! Beijos!

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